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Treino Ideal

“Matricular-se na academia, comprar roupas fitness, receber a planilha de exercícios e começar a treinar. Simples assim, sem surpresas. Fazer um pouco de atividade aeróbica em um dia, no outro trabalhar separadamente grupos musculares.” Esta era a lógica para a maioria das pessoas que decidiam procurar por um exercício. Mas esta dinâmica vem se modificando. “Hoje descobertas no campo da fisiologia e a ascensão de novos conceitos estão ajudando a construir um novo padrão de treino ideal. Ele vem embasado em informações que permitam instituir com maior precisão o tempo e a intensidade necessários ao resultado desejado a ajudam a evitar equívocos responsáveis por lesões ou pelo desânimo que costuma abater os praticantes após dois, três meses o início de seus treinos. Na sua essência, esta é a mais moderna maneira de compreender o corpo: um organismo integrado no qual músculo, ossos, articulações, artérias e veias sanguíneas trabalham em conjunto com objetivo de preservar nossa capacidade de executar movimentos – desde os mais simples, como se agachar para amarrar sapatos, até os mais complexos. Enfim, que atuam como uma orquestra afinada para garantir a funcionalidade do corpo. Nãos e trata mais, por tanto, em pensar o treino de forma fragmentada, com músculos estimulados isoladamente, por exemplo. No treino ideal, todas as estruturas do organismo envolvidas no movimento devem ser levadas em consideração. É o chamado treinamento funcional, integrado por exercícios capazes de turbinar, ao mesmo tempo, o equilíbrio, a força, a estabilidade e a potência.”

Este pensamento nos coloca a entender o corpo humano como um sistema integrado, no qual todos os componentes (muscular, articular, ósseo, cárdio-vascular…) funcionam de maneira conjunta e em sinergismo. Este é o treino funcional, onde toda energia corporal deve ser aproveitada em conjunto, por todo sistema, para que todo ele seja beneficiado, e com menor risco de lesões.

“A mais recente novidade nesta área é a chegada às academias de um novo método de avaliação para conhecer a fundo os segredos que interferem nos movimentos de cada um antes do ingresso na atividade física. Os resultados são usados para definir o plano certo de treinamento, que pode incluir exercícios corretivos, se for o caso, e aqueles destinados a assegurar a funcionalidade do corpo. Conhecido pela sigla FMS, do inglês Functional Moviment Screen (em tradução livre, teste de movimento funcional) o recurso começa a ser oferecido em academias americanas, como a moderna Equinox, a respeitada Mayo Clinic Cooper Fitness Center, um dos principais difusores da proposta. “Precisamos conhecer as pessoas e, como diz o criador da técnica, Gray Cook, primeiro ajudá-las a se movimentar bem para depois se movimentar com freqüência”, disse á IstoÉ. Originalmente, a avaliação é composta por sete seqüências de movimentos para mensurar o equilíbrio, a estabilidade, flexibilidade, velocidade, agilidade, força e potência e resistência aeróbica. E é a partir desta avaliação global que se desenvolve o padrão de treinamento ideal para cada pessoa interessada em melhorar sua qualidade de vida.

A avaliação inicial feita de maneira pobre e superficial, além de não conseguir chegar a um treino apropriado na utilização de todos os sistemas do organismo, pode levar a um alto índice de lesões e de desistência dos alunos.

Os equívocos mais comumente vistos podem ser estes:

1º – Treinar com a carga maior do que o possível. Aumentando muito o risco de lesões

2º – Exercitar-se mais tempo do que se deve. Além de muitas vezes desnecessário, pode ser relacionado dentre uma das maiores causas de desistência dos alunos

3º – Querer resultados imediatos. Nestes casos deixam de entender o exercício como um investimento em saúde, que deve ser contínuo para que tenhamos os melhores resultados.

4º – Esperar perder gordura localizada com exercícios localizados. Um erro comum, que demonstra claro desconhecimento do sistema corporal como um todo.

5º – Manter o mesmo planos de exercícios por mais de 12 semanas. Nosso corpo se acostuma às mesmas exigências, temos de alternar os treinos.

6º – Esquecer-se do componente genético. Cada pessoa apresenta um metabolismo, uma estrutura, uma resposta ao exercício.

Vejam outro ponto importante que foi exposto na reportagem, o qual trata da boa resposta que o exercício continuado traz para que estejamos sempre bem para enfrentar o passar dos nossos anos.

“Um crescente corpo de evidências cientifica também está colocando em xeque outro conceito estabelecido. Um trabalho recente da Universidade de Pittsburgh (EUA) está derrubando a idéia de que a perda de massa muscular é inexorável a partir dos 40 anos. Os cientistas analisaram as condições de 40 atletas recreativos com idades entre 40 e 81 anos submetidos a sessões de corrida, natação, caminhada ou bicicleta repetidas entre 4 e 5 vezes por semana.

Descobriram que o treino continuado praticamente elimina a temida perda de músculos. Nos testes, foram constatadas perdas poucos significativas nas musculaturas das pernas entre os que mantiveram um treinamento regular. Isso ocorreu independentemente da idade, como ficou comprovado em exames de Ressonância Magnética do músculo quadríceps, situado na coxa.

As imagens exibiam diferenças ínfimas na musculatura de um triatleta de 40 anos em comparação a outro, com 70 anos. A avaliação de um homem sedentário de 74 anos porem, revelou uma quantidade de gordura muito maior e a de músculos, menor. “Quando se fala em envelhecimento, geralmente não se estuda o que os nossos corpos são capazes de fazer. Mas controlamos 70% desses processos”.

Estas sábias conclusões nos deixam clara a necessidade em mantermos um envolvimento físico regular, sendo esta uma das melhores maneiras de termos uma maior longevidade e com melhor qualidade de vida.

Um fraterno abraço, Dr. Marcelo Garzella.