Ocorrendo de forma isolada ou associada a lesões ligamentares, as rupturas meniscais podem resultar em uma função articular anormal, limitada e dolorosa em um primeiro momento, tendo ainda a osteoartrose como uma complicação tardia possível nestes joelhos.
Na década de 1950-60 os meniscos lesionados eram ressecados cirurgicamente, de forma abeta, por achar-se que seriam estruturas possíveis de descarte. Pouco tempo depois se concluiu que a meniscectomia não seria uma cirurgia inócua, e estes pacientes se encaminhavam para desenvolver artrose de joelho.
Em resumo, os meniscos são estruturas importantes na proteção articular. Em acordo a isto, a abordagem corrente é de preservar o tecido meniscal tanto quanto possível. Um claro entendimento da função, biologia e capacidade de cicatrização do menisco é importante para que possa tomar uma boa decisão diante de uma lesão desta estrutura.
Os meniscos são compostos de uma zona vascularizada, periférica (dita vermelha) de (+-) 20 – 30%, e de uma zona avascular, central, com 70% (dita branca). De maneira geral, são estruturas fibrocartilagínea em forma de “C” ou semicirculares, interpostas entre os côndilos femorais e o platô tibial, presas ao osso no aspecto anterior e posterior do platô tibial. O menisco medial é em forma de C, com um corno posterior maior que o anterior. O menisco lateral tem uma forma quase circular, cobrindo uma porção maior da superfície articular da tíbia do que o menisco medial. O menisco lateral é mais móvel que o medial, talvez pela menos rigorosa associação periférica deste com a cápsula.
Os meniscos são importantes em muitos aspectos da função do joelho incluindo absorver e distribuir o impacto, reduzir o atrito articular e promover estabilização passiva da articulação. Deve melhorar a congruência da superfície articular e a sua área de contato, assim como auxiliar na propriocepção e limitar os extremos da flexão ou extensão do joelho.
A retirada do menisco medial causa 50 á 70% de redução da área de contato do côndilo femoral e 100% de acréscimo na sobrecarga. A meniscectomia lateral resulta em decréscimo de 40-50% na área de contato lateral e 200 a 300% de aumento na sobrecarga no compartimento lateral.
O menisco também demonstra clara responsabilidade de estabilização articular. Nos joelhos com ruptura do LCA, onde se procede a meniscectomia medial (principalmente de seu corno posterior), a instabilidade se eleva em até 60%.
Sempre se tenta preservar o máximo do tecido meniscal. Embora saiba-se que os dois-terços centrais dos meniscos são importantíssimos para maximizar a área de controle articular e melhorar a descarga articular, quando se mantém ao menos a integridade do Terço Periférico do menisco já se tem alguma garantia de estabilidade e transmissão de carga.
A decisão quanto a forma de tratamento a ser escolhido deverá levar em consideração vários fatores como idade do paciente, a condição clínica do joelho lesado (dor, inchaço, bloqueio…), o tipo e a localização da lesão (zona branca, vermelha ou dita intrasubstâncial), a presença de lesões associadas (ligamentos ou cartilagens) e as expectativas do paciente.
Sempre procure um bom profissional na hora de fazer sua cirurgia